Escolher o regime tributário é uma das decisões mais estratégicas para qualquer empresa. Afinal, pagar impostos faz parte da rotina de quem empreende no Brasil, mas a forma como isso será feito pode significar a diferença entre ter saúde financeira ou sufocar o caixa da empresa.
Quando um negócio nasce ou muda de patamar, o empreendedor se depara com três regimes de tributação: Simples Nacional, Lucro Real e Lucro Presumido.
Neste artigo, vamos explicar, de forma clara, como funciona cada regime, suas características e em quais situações eles costumam ser mais vantajosos.
Tenha uma excelente leitura!
Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime criado especialmente para microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).
Ele unifica em uma única guia de pagamento (o DAS, Documento de Arrecadação do Simples) oito tributos que normalmente seriam pagos separadamente: IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a contribuição previdenciária patronal.
Esse regime pode ser adotado por empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.
O Simples Nacional ainda facilita a vida do empreendedor na hora de competir em licitações, obter crédito e até mesmo manter a regularidade fiscal.
Vantagens:
- Sistema mais simples de entender e operar, reduzindo custos com obrigações acessórias.
- Facilidade de regularização.
- Prioridade em algumas licitações públicas, podendo contar com linhas de crédito específicas para pequenos negócios.
Desvantagens:
- A tributação pode ser mais alta do que no Lucro Presumido.
- Algumas atividades, como empresas do setor financeiro ou importadoras de combustíveis, não podem optar pelo Simples Nacional.
Para quem é indicado:
- Negócios pequenos ou em crescimento inicial.
- Empresas prestadoras de serviços de menor porte.
- Lojas, pequenos comércios e prestadores de serviços em geral que ainda não têm faturamento muito alto.
Além disso, dependendo da atividade exercida e da folha de pagamento, a alíquota pode se tornar mais pesada do que nos outros regimes. Por isso, não basta apenas olhar o faturamento, é preciso simular.
Lucro Presumido
O Lucro Presumido é um regime destinado a empresas que faturam até R$ 78 milhões por ano.
Como o próprio nome sugere, o governo presume que a empresa tem uma margem de lucro predefinida, que varia conforme a atividade.
Os principais tributos são pagos trimestralmente (IRPJ e CSLL), além de PIS, Cofins, ISS ou ICMS, conforme a atividade.
Vantagens:
- Menor complexidade em comparação ao Lucro Real.
- Boa opção para empresas que têm margens de lucro superiores às presumidas, pois acabam pagando menos impostos.
- Cálculo previsível, já que as bases são fixas.
Desvantagens:
- Se a empresa tiver margem de lucro baixa ou prejuízo, ainda assim pagará como se tivesse lucrado.
- Pode ser menos vantajoso para empresas com altos custos operacionais.
Para quem é indicado:
- Empresas que realmente lucram acima da média.
- Profissionais liberais organizados em pessoa jurídica.
- Comércios e indústrias com margens de lucro confortáveis.
Lucro Real
O Lucro Real é o regime mais complexo, mas também o mais justo para quem tem margens apertadas ou enfrenta oscilações no mercado. Só em setembro de 2025, 230.237 empresas foram enquadradas no Lucro Real.
Nesse modelo, a base de cálculo dos tributos é o lucro líquido efetivo da empresa, apurado pela contabilidade.
Ou seja, se a empresa tiver lucro baixo, pagará menos imposto. Se tiver prejuízo, não pagará IRPJ nem CSLL.
No entanto, esse regime exige controles contábeis mais rígidos, relatórios detalhados e uma gestão financeira organizada, já que tudo deve estar registrado para a Receita Federal.
Vantagens:
- Justo com relação ao lucro real da empresa.
- Possibilidade de aproveitar créditos fiscais de PIS e Cofins no regime não cumulativo.
- Mais indicado para empresas que operam com margens baixas ou que têm muitas despesas dedutíveis.
Desvantagens:
- Exige mais burocracia e custos com contabilidade.
- Fiscalização mais rigorosa por parte da Receita.
Para quem é indicado:
- Grandes empresas com faturamento acima de R$ 78 milhões (obrigatoriamente no Lucro Real).
- Negócios com margens de lucro reduzidas.
- Empresas que têm muitos créditos de PIS e Cofins a compensar.
Como escolher o melhor regime tributário?
Não existe uma resposta única para essa pergunta, porque cada negócio é um universo diferente. O que funciona para uma clínica médica pode não ser o ideal para uma loja de roupas ou uma indústria.
O primeiro passo é avaliar:
- faturamento anual esperado;
- margem de lucro real;
- custos fixos e variáveis;
- setor de atuação;
- possibilidade de aproveitamento de créditos fiscais.
Além disso, é fundamental contar com a ajuda de um contador experiente. Ele poderá simular os impostos devidos em cada regime e mostrar, com números, qual trará mais economia e segurança para a sua empresa.
Muitos empreendedores cometem o erro de escolher o Simples Nacional apenas pela praticidade, sem avaliar se, no longo prazo, o Lucro Presumido ou até mesmo o Lucro Real não seriam opções mais estratégicas.
A decisão certa começa com informação
Definir o regime tributário não é apenas uma formalidade burocrática. É uma decisão estratégica que impacta diretamente o crescimento, a lucratividade e até mesmo a competitividade da sua empresa.
O Simples Nacional é a porta de entrada para muitos negócios e funciona bem para quem está começando. O Lucro Presumido pode ser excelente para empresas que mantêm boas margens de lucro e querem previsibilidade. Já o Lucro Real é indicado para negócios maiores ou que precisam de um regime justo diante de custos altos e margens apertadas.
O importante é não decidir no escuro. Com planejamento e uma contabilidade bem-feita, você transforma a tributação em aliada, e não em inimiga.
Afinal, o objetivo de quem empreende não é apenas pagar impostos, mas crescer de forma sustentável e lucrativa.
Esperamos que este conteúdo tenha sido esclarecedor. Caso precise do auxílio de contadores experientes, clique aqui e fale com o nosso time agora mesmo!

